A mística do corpo
Agora mim vem à cabeça esta reflexão: qual o sentido e valor que conferimos ao nosso corpo? Por certo muitos dirão que bobagem é essa agora? Meu caro leitor, em meio à cultura do descartável o corpo é mais uma coisa. Quando pensamos na palavra (descartável), quase sempre nos condicionamos a pensar em copos, bolsas, papeis e eletro-eletrônicos etc., mas eu ousaria a dizer que hoje mais do que em qualquer outra época, nosso corpo faz parte desta lista. A mídia capitalista, os ditames da moda, o apelo erótico, são protagonistas desta inversão de valores.
O corpo é a mais alta expressão da nossa humanidade, é o sensor visível de nossas emoções. Contudo, estamos vivendo uma turbulência denominada: o valor das aparências. Onde se acentua uma verdadeira e cruel divisão de classes. De um lado aqueles que possuem um corpo escultural, sarado, capaz de despertar olhares e sentimento de inveja, do outro estão aqueles que por não possuírem o corpo como dita a moda, se vê na condição de condenados, concatenando assim com a busca desenfreada por métodos de estéticas e produtos milagrosos. Mas tudo isso, seria para resgatar uma falsa dignidade, digo falsa porque em nome de tudo isso encontramos pessoas que renunciam até mesmo suas necessidades mais básicas.
O fato é que, queremos a todo custo valorizar o nosso corpo, sem levar em conta que este é finito e perecível, de modo que o tempo se encarrega de revelar nossas falsas ilusões. É justo e honroso cuidarmos deste nosso valioso patrimônio, contudo, não nos cabe fazermos dele um produto de troca e venda nem tão pouco alimentar a ilusão de que este será sempre o mesmo.