Páginas

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Se discordares de mim, tu mim enriquece
Um pouco mais de atenção e logo descobriremos a verdade contida nesta expressão. Estamos vivendo numa época em que as pessoas se posicionam contra todo e qualquer tipo de dogmatismo, e isso é muito bom. Mas esquecemos que um bom arquiteto quando idealiza uma planta de uma construção, antes de colocá-la em pratica, a revisa inúmeras vezes e quem sabe até mesmo a modifica. A verdade é, que jamais podemos construir um conhecimento a cerca de qualquer coisa, sem que nunca tenhamos a coragem para refazê-lo ou até mesmo abandoná-lo quando preciso for. Contudo, temos uma geração de dogmáticos que preferem conviver com seus erros a compartilhar de uma opinião que seja diferente. Nosso tempo é rico em liberdade de expressão, porém, diga-se de passagem, que esta serve apenas para criticar ou até mesmo difamar sem que haja qualquer acréscimo a construção de um pensamente sólido. Precisamos nos desarmar não apenas daquilo que conhecemos como arma, mas, sobretudo, dos nossos preconceitos, que muitas vezes nos aprisionam e mais ainda, nos leva a querer que o outro também seja seu refém. Somente uma mente aberta e sensível ao que o outro tem a discordar de mim, poderá, ao final do dia dizer consigo mesmo: agora mim sinto mais completo e mais rico, porque soube compartilhar com outros, aquilo que acreditava ser minha verdade, mas que era apenas uma vista de um ponto.


A crise é sinal de esperança
Gosto de pensar que toda crise traz consigo um grande sinal de esperança. Dito de outra forma, a crise é gestante de esperança. Digo isso pelo fato de que, somente aquele que experimenta uma crise e consegue superar os desafios que nela estão implícitos, sabe realmente dar o devido valor as coisas que lhe cercam, sejam elas pessoas, coisas, relações, etc. é bem verdade que desde sempre somos protegidos, primeiro pela nossa família, depois pelos amigos, pelas instituições, contra toda e qualquer possibilidade de fracasso na vida, no amor, na profissão, e tudo isso só serve para uma coisa, ou seja, criar em nós a sensação de que estamos preparados para os desafios de viver, mas o que se constata é um erro fatal, pois mais dia menos dia, veremos o quando somos fracos, impotentes, incapazes e muitas vezes covardes perante o mundo que nos abriga. Deste modo, quando uma crise vier ao nosso encontro é preciso antes de qualquer coisa, acolher, sentir, e ter o firme propósito de sair dela vencedor, só assim, terá a sensibilidade de olhar a nossa volta e percebermos quantas coisas realmente possuem o valor que lhe convêm. Tão necessário quanto a felicidade é a crise, visto que é por meio dela, que nos tornamos fortes, seguros, corajosos e sem dúvidas atentos as coisas mais simples que a vida nos presentei diariamente.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Contradição Necessária
Para que venha a ser algo, devo primeiro não querer ser nada; para amar verdadeiramente, devemos amar primeiro a quem não nos ama.
Quem poderia entender tal afirmação? Certamente nem eu mesmo posso encontrar tal significação. No entanto, se faz necessário percorrer este caminho de descoberta. Pois bem, sabemos que até mesmo o menor de todos os seres possui desejo de alguma coisa. Mas, sobretudo no homem que esse desejo, que não é simplesmente de algo, mas de ser ele mesmo esse algo. Contudo, é bem verdade que a via por onde devemos transitar, deve possuir outra via que lhe seja contrária, de modo que, somente com esta condição, é possível chegar aonde se deseja. Esse contraditório é bastante relevante, pelo fato de que somente aquele que se esvazia dos pré-conceitos, que se desnuda de tudo quanto lhe causa apego, só neste momento tal homem estará pronto para encontrar a si mesmo. Quando falo aqui de que para amar melhor, devemos amar aqueles que não nos ama, é possível bem possível que tal afirmação cause um impacto de principio negativo ao meu caro leitor. Contudo, com esta reflexão, quero apenas dizer que este tipo de amor dispensado a quem não se ama, trata-se de uma realidade no mínimo cheia de gratuidade, visto que aquele que recebeu a dispensa deste amor, não possui em hipótese alguma, a responsabilidade de retribuir a este ato. De modo que, se decidir o fazê-lo, o fará na mais plena liberdade e gratuidade. O que implica nada cobrar de quem lhe amou primeiro. Assim, aquele que resolveu amar quem não lhe tem amor, se por algum motivo precise se ausentar, não incorrerá em violência, nem tão pouco será acusado de abandono. Já aquele que optou por dedicar algum tipo de amor a alguém que lhe ama, quando se ausenta, será acusado de abandonar suas juras, e também de incúria, pois não será mais capaz de cuidar daquele que em algum momento compartilhou de um sentimento mútuo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Final que é inicio e o inicio que é final.

Esta é sem dúvidas uma aparente contradição, pois na verdade o que temos é nada mais nada menos que uma complementação de naturezas, ou seja, pensemos em Deus; ao longo de muitos anos homens e mulheres de todos os tempos e lugares se dedicaram a tentar entender essa via, na qual Deus é o principio, mas também é o fim. de modo que esta verdade nos permite, contemplar também a realidade que se coloca com a morte, para ser mais claro, almejamos o céu (vida eterna) mas para que a tenhamos, é preciso encontramos e experimentarmos a tão assustadora morte. a verdade é que quando encontramos o fim, estamos na verdade encontrando o inicio e vice e versa. não basta apenas temer alguma coisa, é preciso entender como ela acontece, de modo que se uma pequena semente que é lançada na terra encontrasse ali  seu fim, onde estaria o inicio de uma vida? o fato é que, quando está se depara com seu fim na verdade estará ela se preparando para o inicio, que é bem mais radiante. Desta forma, quando nos deparamos com essa situação que indica fim, nos alegremos, porque na realidade estamos é diante do inicio.
Como Saber se temos uma amizade verdadeira?

A principio parece uma pergunta simples, contudo trata-se de uma das questões mais difíceis de responder. Isso, graças a pouca importância que dedicamos à pergunta, ou até mesmo pela frugalidade com a qual consideramos a questão. O fato é que jamais devemos medir a qualidade da amizade pelo número de amigos, porque o número deles é inversamente proporcional ao valor. Quase sempre estamos presos a pessoas com as quais pensamos desenvolver e compartilhar de uma boa amizade, mas tendo como critério para isso, apenas os bons momentos que juntos são partilhados. Bom seria se cada um olhasse um pouco mais para as questões limítrofes que nos acometem e que é exatamente nesta hora que poderemos avaliar o grau desta amizade. De modo que poderemos sentir aquilo que brota de mais sincero (sin- cera) do latim: sem cera, sem enrrolação... Mas o fato é que muitos sofrem as mais variadas formas de frustração quando deseja ter um amigo por perto nas horas de maior necessidade e o que percebe é que já não pode contar nem tão pouco dispor deste amigo. É sabido o provérbio que diz: “o ouro se prova no fogo e os bons amigos nas adversidades”. Talvez queiramos de exigir demais, de um sentimento que só pode se dá na gratuidade, de modo que, por maior que seja nosso desejo em cultivar uma amizade verdadeira, esta só poderá vir na mais plena liberdade de quem a cultiva. 

domingo, 28 de novembro de 2010

"Nada é Pequeno Onde o Amor é Grande"

Para mim esta é uma das mais verdadeiras expressões que já conheci, seja pela força de sua fonética, seja pela força de sua interpretação. de modo que não é difícil encontrarmos pessoas que sempre se valem deste argumento para justificar suas intenções. basta atentarmos para perceber quando alguém presenteia outro alguém e diz: é simples ( pequeno), mas é de coração. minha intenção neste pequeno escrito é conduzir você meu caro (a) leitor (a) a tomar ciência das vezes em que precisamos agir por amor, mesmo nas coisas mais simples, para que estas se tornem grande. Aquele (a) que ama, não precisa se agitar quando não tiver condições de presentear seu amor, com algo grandioso, basta apenas um sorriso, uma unica flor, para dizer te amo grande-mente. isso é muito mais significativo, que um grande presente sem o mínimo de amor. certa vez alguém disse assim " não te aflijas por querer fazer grandes coisas, basta que faças as pequenas com grande amor
Um coração irrequieto.

Em meio a tanta correria do nosso cotidiano é natural encontrarmos homens e mulheres irrequietos, ou seja, impotentes diante de si mesmas quanto ao modo de agir e conduzir a vida. Somos quase que impulsionados a querer sempre mais. Queremos uma casa melhor, um esposo melhor, uma mulher melhor, um amigo melhor, um carro melhor, uma casa melhor, uma conta melhor, uma política melhor, um ambiente de paz melhor, enfim são muitas as coisas que nos afligem. No entanto, parece que nosso anseio está sempre basado em coisas que atingem apenas as superfícies do nosso ser, logo é muito comum que nos deparemos com uma constante carência que irrequieta nosso coração. Deste modo não é de mais afirma que, somente quando direcionarmos a busca de nossas vidas para coisas que transcendam a superfície e atinjam a essência de nossas vidas ai sim, já não haverá lugar para este sede insaciável que hoje assola tantas vidas. Basta que olhemos, um pouco mais para dentro de nós mesmos, e encontremos um coração que deseja ser amado, que deseja amar, e que é amado. Só quando soubermos amar de modo irrestrito as pessoas que estão a nossa volta, nossos familiares, nossos amigos; só ai poderá dizer: agora coração, descansa e goza dos prazeres que proporcionados pela quietude do amor. E que jamais nos esqueçamos da mensagem deixada pela letra desta canção: “é preciso amar as pessoas como se não houve amanhã”.

sábado, 23 de outubro de 2010

Entre a Razão e a Loucura




Ao refletir sobre a vida, percebi que quase todos os homens vivem no limite entre a loucura e a razão, mas quase sempre não é possível delimitar as fronteiras de uma e de outra. Contudo, gosto de pensar que ambas se completam, ou seja, basta uma analogia para entendermos como isso funciona. Quero acreditar que nossa busca incessante se dá na perspectiva de sermos pontes, isto é, vivemos em busca de criar novas relações, mediar conflitos, permitir diálogos, de modo que em tudo que fazemos, não é em vista de um individualismo, mas, sobretudo, na esperança de uma interação comigo mesmo e com os outros a minha volta. Porém, é bem verdade que nem sempre realizamos isso com perfeição, e são muitas a razões desta falha, ou seja, quando não fazemos por uma limitação pessoal ou não fazemos simplesmente porque achamos que em alguns casos é preferível sermos um muro ao invés de uma ponte. Muitas vezes, pautamos nossa relação em coisas efêmeras, e não em coisas sólidas, logo o fracasso será uma conseqüência natural. Mas quando buscamos fazê-la numa dinâmica do que é essencial, o resultado será bem mais duradouro. Não basta dizer a alguém que a amamos, é preciso que em tudo,  nossas ações demonstre a verdade desta afirmação. Só ai, teremos a certeza de que nossa loucura deu lugar à razão, e deste modo teremos uma vida feliz ainda que não seja eternamente.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Por onde andará o sábio?

Certamente estamos diante de uma pergunta difícil, mas vamos tentar percorrer tal caminho. Sem dúvidas não andará no caminho da emoção, pois este caminho será sempre desprovido de lógica, ausente de coisas sólidas, como um as águas de uma cachoeira, onde água só tende a cair livremente, sem em nada se apegar, a não ser seguir sem medo seu destino, para que neste ato, produza seus encantos, que a muitos agrada e que ao mesmo tempo a muitos assusta. Mais certo ainda é que o caminho deste sábio não será apenas o da razão, pois este deseja por lógica em tudo, até mesmo numa gota de orvalho, que a noite silencioso acaricia as pétalas das flores. Este caminho não permite sentir apenas por sentir, têm carência de tocar, de ver, experimentar, e por isso é quase sempre estéril, pois lhe falta sensibilidade. Deste modo somos impelidos a pensar que o sábio do qual estamos falando, deverá percorrer um caminho para o qual os gregos deram um nome: εζεχια, ou seja, o caminho que é capaz de harmonizar razão e emoção. Sentido e matéria, lógica e delírio, com o objetivo mais simples, poder contemplar o belo, sem a exaustiva tarefa de analisar seu acontecimento e tão pouco cair na insensatez de pensar que ali não há uma razão de ser. Somente este ser sensível e atencioso, poderá recostar sua cabeça sobre seu travesseiro e dizer, agora enfim posso seguir em paz, por um caminho seguro, pois tenho harmonizado em mim o pensar e o sentir, a cabeça e o coração...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Refletir para viver

Uma coisa mim invade nesse instante, e a pena que agora empunho em minhas mãos, sabe o quanto dista materializar em palavras o que arde em meu coração e fervilha em minha mente. É uma velocidade de pensamentos que nem ao menos uma coisa consegui capturar até agora, mas tentarei falar do que mim parece querer ser exposto.  Quero falar da vida que pulsa em nós e quase sempre não nos damos conta de que ela carece de atenção. Contudo vem a pergunta: o que seria tal atenção?  Às vezes nos igualamos as folhas, aos animais irracionais, e pautamos nossa vida sem um sentido lato, ou agimos por instinto, ou simplesmente nos deixamos levar pelos acontecimentos do cotidiano, como as folhas são levadas pelo vento. Por isso meu caro leitor te convido a pensar um pouco mais a cerca do que venha a ser a vida, e qual deva ser o propósito pelo qual se vive. A liberdade em fazer umas coisas e renunciar a outras, de gostarmos de uma cor e não de outra e por ai vai... Quase sempre vemos homens e mulheres que optam por tirar a própria vida, sem se quer refletir sobre seu valor, nos deparamos com um descaso tão gritante em relação a vida, que nem questionamos mais o por quê de tantas mortes sem sentido. E o que dizer do aborto? Faltam palavras e sobra covardia neste caso especifico. A muito tempo se disse que com a educação institucional o homem seria mais civilizado e respeitaria mais o valores básicos uns dos outros, mas nunca como hoje se fez tanto mal a ida como em nossos dias. Nunca o ser humano foi tão descartável como hoje. Tudo isso, só aumenta triste realidade de que estamos perdendo a capacidade mais preciosa que nos resta, que é saber viver e viver com qualidade e com motivação suficiente para valorarmos esse dom de Deus. O desejo irrefletido de poder conduz a muitos a praticar a opressão de poucos. E mim questiono a cerca da escravidão tão vergonhoso do passado e pergunto o que estamos fazendo de diferente ao nosso semelhante?  Por fim gostaria de convidar ao meu prezado leitor a pensar donde viemos, onde estamos e para onde desejamos ir? Pois só assim poderemos dar um rumo certo ao nosso existir e conseqüentemente estaremos salvando a nós mesmos da extinção que brota de nossa incapacidade de pensar. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A unidade dos contrários.


É com entusiasmo que mim ponho a refletir sobre a unidade dos contrários, uma vês proposta por Heráclito de Eféso. Este autor discorreu sobre a origem das coisas a partir desta reflexão, eu o farei no intuito de encontrar a origem e sustentação da felicidade. Pois bem, dito isto, começo analisando a relação que existe entre o quente e o frio, dado que não se trata de algo material, mas, sobretudo sensível, e como tal, embora escolhamos um ao outro, estamos sempre imerso nas duas realidades. Bem assim acontece com o amar e odiar, com o sorrir e chorar, com o acolher e desprezar, curar e ferir. Pensar tais realidades, por vezes causa medo e estranheza aos que agora lêem este texto, mas o que dizer da pureza na mistura? Ou mais ainda  morte e vida? Bem sabemos que de um depende o outro, pois sine qua non, o que realmente dar sentido ao bom é o que se tem por ruim, assim acontece com o belo, quando vemos o que é feio. Quando pensamos que existe o divino, mas também o humano, logo queremos separar o que por natureza esta unido. E é natural que estejam assim, unidos, visto que sem o divino, o que seria o humano, sem o humano o que seria o divino? A busca incessante que tem o ser humano em encontrar a felicidade é quase sempre distorcida, por achar que uma realidade não depende em nada da outra, e por isso, queremos amar sem sofrer, ou conquistar algo sem renuncias. Deste modo, é urgente que pensemos no fato de quem sem morte não teremos vida. A cada um cabe harmonizar no seu interior tais realidades, tendo como meta a conquista durável deste bem precioso que é ser feliz...

domingo, 1 de agosto de 2010

Contemplando o Belo

Hoje ao acordar, desejei contemplar o belo, mas o que é o belo? Sei não, mas penso que seja o ato gerador de minha existência. Pois bem se assim é definido por mim, sei que estou mais perto do que pensei. Mas como fazer esta contemplação? Sei lá, mas acho o seguinte: a cada dia, a cada instante, a cada momento, sou tentado a ficar parado em meio ao tempo ou no meio de minha jornada, e basta alguns instantes de silêncio para sentir que tudo em mim é vida. Vida esta que brota incessante como a água de uma fonte, mas quase sempre não mim dou conta. Contudo ela continua a brotar, é isso mesmo, brota por uma ordem natural que deriva de algo bem maior, ou seja, é o belo que ali reside, que ali se manifesta mesmo em silêncio num ato de ruptura com a minha indiferença.  Digo a você que agora está a ler estas linhas, só pode contemplar o belo, aqueles que se permitem perder tempo com as coisas mais simples da vida, como por exemplo: se alegrar com o cantar de uma ave, com o sorriso de uma criança, com o cair das águas da chuva, o reflexo do céu numa simples gota de água que esta na terra.  Contemplar nada mais é dôo que um debruçar-se sobre as coisas simples e muitas vezes sem importância, para poder sentir o importante. Hoje falava com uma amiga a cerca da solidão, e entendo que a solidão é necessária a todos, pois é o que nos permite um encontro com o que temos de essencial em nós e que muitas vezes morremos sem perceber isso.  No banquete Platão diz que: “o coração é o lugar onde se gera o belo no corpo e na alma”, então o belo gerado no coração só pode ser vida e amor, logo se ainda não contemplamos o belo é porque ainda não contemplamos a vida em sua essência singela e pura.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Descrevendo o Amor


Há muito tempo sou impelido a escrever sobre o maior dos sentimentos, e penso eu que após uma longa gestação, agora sim aqui estou expondo os longos anos de minha reflexão. Nada mais direi, a não ser que o amor perdeu seu significado por uma falta sem precedente de um conhecimento mais vasto de sua essência. Pois bem, esta reflexão transcorrerá tendo como base as palavras: ηρός (Eros), ἀγαπε ( ágape), φιλια ( filia) e πορνεια ( pornéia).  Deste modo devo iniciar falando sobre φιλια (amizade) que traz em si um grande valor, pois é o tipo de amor no qual a liberdade deve ser plena, ou seja, dito de outra forma, este amor não é regulado por nenhuma norma ou lei, visto que deve se dar na mais plena liberdade, sua obtenção é resultado de uma conquista, e deste modo acontece num ambiente livre, de partilha da vida, das emoções que os interessados devem cultivar mutuamente. É um amor de reciprocidade, mas sem uma obrigatoriedade, pois do contrário deixar de ser amizade, e perde-se em muitas outras coisas da qual não faz juz a este nome. Dito isto, já defini o que deve se entender por amizade, ou seja, sem o que acima foi dito, teremos qualquer outro sentimento, exceto uma amizade, o que na cultura grega era um grande tesouro. Para os gregos, αγαπε quer dizer amor, mas um amor diferente de amizade, pois é um tipo de amor mais amplo que amizade, ou seja, é um amor de oblação, entrega incondicional, de modo que é em sua máxima, um amor de entrega sem interesses mutuo, dito de outra forma, aqui quem ama, ama sem esperar nada do outro que é amado. Este tipo de amor é plenificado em Jesus, e podemos relacionar ao amor de uma mãe. Aquele que se dispõe a amar desta forma vive o amor em seu sentido mais sublime, o termo do latim para este tipo de amor é: cáritas. Agora refletindo sobre ηρός, descobri que este tipo de amor, foi ao longo dos anos distorcido, pois o que deveria ser algo bom em sua essência, assumiu características de outros tipos de amores. Hoje pensar em ηρός, é pensar em sexo e só isso, contudo posso afirmar que é também sexo, mas não só. Temos que entender que é uma fusão dos amores que acima mencionei este tipo de amor exige uma cumplicidade, ou seja, uma entrega ao desejo de correspondência tem sua máxima no encontro de duas pessoas que se permitem serem tocadas, pois compreendem que aqui cabe um encontro mais intimo, de modo que é para isto que ele existe realizar no homem, a atividade orgânica de suas potências. Contudo não deve se limitar a este aspecto, pois sua riqueza e beleza esta além. Trata-se de um amor equilibrado por φιλια e αγαπε, onde pessoas que já se conhecem e se respeitam, desejam vive de forma mais ampla uma relação. Não pode ser simplesmente uma usurpação do corpo de outrem, mas uma entrega consciente e sublime num encontro de reciprocidade, onde não haja explorados, nem tão pouco exploradores. Somente assim será dado a este tipo de amor, seu valor real. Aqui sim cabe aos envolvidos, um tipo de cuidado, zelo, nunca o ciúme como vemos hoje, pois ciúme não é forma de dizer que se ama alguém, mas uma distorção de algo belo e vital. Por ultimo quero apresentar πορνεια, que é a vulgarização de todos os outros que falei, ou seja, enquanto filia é liberdade, porneia e escravidão, enquanto ágape e gratuidade, porneia é interesse, e enquanto Eros é prazer, pornéia é dor e sofrimento, por se tratar de um tipo de amor, onde a relação deixa de ser entrega mutua, para ser uso, abuso individual de uma pessoa.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Quando só Deus é a resposta!


Quando só Deus é a resposta!
                Sabemos desde muito cedo, que desde a origem do mundo o homem busca entender a sua existência e para tanto criou as varias ciências que existem. Buscando deste modo respostas a cerca de nossa vida cotidiana, mas quase sempre as ciências acabam por limitadas e sem as respostas precisas do ponto de vista da racionalidade. Pois bem é partindo deste principio racional que tento agora escrever algo, que por mais que não convença pelo menos nos conduza a refletir sobre a importância de acreditar em Deus. Começarei assim, citando alguns exemplos: imaginemos alguém que se encontra muito doente, ou vitima de um grave acidente, isto nos obriga a procurar um medico, visto que tal assunto é de sua especialidade, se desejamos estudar um átomo, logo recorremos ao físico, se queremos estudar os comportamentos do homem, procuramos um antropólogo, se estamos entender a personalidade a indicação é para um psicólogo; mas se nossa vida está baseada em provas empíricas e materiais, fica a critério dos cientistas. Logo, compreendemos que todas as ciências existem para ajudar a humanidade a viver melhor e conseqüentemente, por uma vontade que esta além de nossa compreensão natural, ainda que muitos a neguem. A história é testemunha fiel de que em todos os tempos e lugares, a humanidade foi chamada a perceber que existem situações e acontecimentos, onde só Deus é a resposta, cito como exemplo aqui o mistério da vida na morte. Pois quando a ciência se esgota, a fé brota com seu vigor, para acender em nossa vã consciência a certeza de que é Deus quem conduz nossa vida no tempo e na história, ainda que isso ocorra sem nossa atenção, pois para além de toda racionalidade a fé é transcendente e eficaz...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma Vida dever ser Projeto ou Produto?



                A pergunta que lhe proponho agora caro leitor é? O que você diria de sua vida ela é um projeto ou produto? Mim acompanhe neste exercício de identificação de nossas vidas. Pensar a vida do homem como produto é reduzi-la a mera acomodação das coisas que nos são postas de forma até mesmo arbitrária, mesmo assim somos conformistas e as recebemos sem nada questionar, ou melhor, nos acomodamos ao que está posto. Deste modo como diz o provérbio popular somos Maria vai com as outras, porque neste modo de viver, ou seja, entendendo a vida como produto, nada pode ser feito, pois tudo já se encontra acabado, resta apenas adequar-se, grosso modo é mais confortável. Porém a vida conduzida desta forma, não é dinâmica, não poder ao menos saborear a alegria de viver coisas novas ainda que sejam as mais singelas, perde-se no tempo, pois já não é atual, vive muitas vezes no saudosismo do que se foi, e nem ao menos pode esperar o novo que há de vir, em suma estar a dançar a valsa da vida com as duas pernas engessadas.  Ao contrario do que disse antes esta à vida pensada como projeto, ou seja, algo que por mais que esteja feito há ainda muito por se fazer, neste modo de conceber a vida, temos a dinâmica de restaurar o que se quebrou, corrigir os erros, pensar o novo como possibilidade, reinventar o passado, ou seja, ser autor e não mero expectador. É pensar na vida como meta de chegado ainda sabendo dos desafios, acolher o que é proposto, mas sem abrir mão de questionar ou até mesmo dizer não. É perceber no astro maior que ele sempre volta, e que nós temos sempre a possibilidade de fazermos tudo de novo, sem jamais perder a liberdade de escolher a direção. Se sua vida é projeto, então ouse, desconfie, construa, acolha, planeje, ame e se neste movimento descobrir que errou, seja autentico e faça o retorna para se permitir nascer de novo, só assim terás a plena certeza de que você é projeto e não produto.

A inconstância do nosso Ser


A inconstância do nosso Ser
                Nosso peregrinar neste mundo é semelhante ao pêndulo de um relógio, pois hora estamos na constância hora na inconstância. Pensemos por exemplo que existem momentos em que estamos felizes e logo em outro momento somos envolvidos numa profunda tristeza, aqui analiso um personagem bíblico que melhor retrata nosso ser no que versa sobre a inconstância. Pois assim como ele somos cada um de nós. Vejamos por exemplo que tal pessoal ao encontrar-se com Jesus, e vendo que este caminha sobre as águas, anima-se e pede-lhe que o faça caminhar também sobre as águas, neste momento esta cheio de confiança, mas rapidamente começa a afundar o que revela que já esta cheio de desconfiança. Deste modo vemos que a segurança cedeu lugar à segurança. São muitos os momentos  em que isso nos sucede. Basta um olhar atento aos jovens de nosso tempo, para termos evidencias do que agora falamos, pois os casais fazem juras eternas de amor, entregando-se um ao outro por motivos quaisquer e tão logo se fartam disso, passam a renegar tudo que fora dito e vivido juntos. Isso tudo leva a trocas de amores que ate então seriam para sempre, revelando que o que antes era para sempre, passará a ser desprezado, estranho sem nenhum valor.  Por vezes nos enchemos de confiança, segurança, coragem e nos equipamos de um propósito de sermos felizes ao mesmo tempo em que desejamos tornar alguém feliz, porém tudo isso acontece sem nos darmos conta de que pensamos estar preparados para os fracassos e frustrações, que são próprios de nossa condição humana.
Para tanto, não basta apenas desejar tais coisas, ou ser feliz, é preciso antes de tudo construir essa felicidade, com a mesma coragem de um guerreiro a ousadia de um sábio, que mesmo querendo tudo isso esta certo de suas limitações (inconstâncias), mas convencido das possibilidades de que pode ser vencedor. Somos feitos de afeto e para o afeto, logo a felicidade é nossa busca maior, ainda que passível de inconstâncias, pois quem caiu mil vezes deve se levantar mil e uma vez, para recomeçar a vida sem medo na certeza de que esta simples atitude lhe garantiu metade do caminhar.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Razão do Silêncio

A razão no silêncio


Trilhemos por um caminho de onde podemos entender o que realmente significar o silêncio, pois este muito mais que ausência de barulho é estrema meditação. Existem três tipos de silêncio. O silêncio como omissão diante das injustiças da vida, o silêncio como repudio e por último o silêncio como escuta.

Pensemos agora no silêncio como omissão, este tipo de silêncio é por demais malévolo, visto que é uma atitude de quem não se compromete com as causas mais nobres da vida, como a defesa dos injustiçados, bem como a fala dos que não podem se expressar; este modo de agir é compatível com as atitudes dos que passam por esta vida covardemente sem se ater ao grito dos que sofrem, e esperam de cada um de nós uma única palavra, seja esta de conforto seja de incentivo, este silêncio é como uma arma letal, que sutilmente acabam por matar as esperanças do que esperavam algo ser dito em sua defesa. Este tipo de silêncio aceita e compreende a ausência das palavras como fuga de nossas responsabilidades.

O silêncio como repudio é um bem aceitável na dinâmica dos que sentem a impotência da fala diante de cenas ou atitudes covardes, para que este seja eficaz é preciso termos discernimento para aplicar um silêncio que ao mesmo tempo em que é ausência da fala é um discurso a seu favor. Silenciar perante determinadas situações é afirmar que não se estar de acordo com elas, é torna-se arauto de uma mensagem que não carece de fala, é colocar-se criticamente reafirmando que ali não cabe outra a coisa a não ser o repudio.

Aqui apresento o silêncio como atitude de plena escuta, como necessidade de perceber o que não foi dito, como caminho para o encontro consigo mesmo bem como com as pessoas e emoções que nos circundam, é antes de qualquer coisa aquietar todos os nossos sentidos, para sentir a força das coisas sutis, entender o cosmo, viajar na infinita e fascinante experiência da ausência dos sentidos. Ser sábio é saber reservar na difícil tarefa de viver um espaço e um momento para silenciar misticamente. Pois sem isso seremos sempre passivos de cometer injustiças, por não sabermos meditar cada ato nosso no crisol do silenciar. Podemos pensar que silencio é tão somente reter o balbuciar de nossas palavras, mas é mais do que isso, é ter sensibilidade de escuta, até mesmo na relação homem e sagrado se faz mister uma pausa. Este silêncio fomenta a justiça, purifica os sentidos e orienta as ações, pois é oportuno no discernimento das coisas mais simples. Permite uma contemplação da natureza, o cantar das aves, o grito dos fracos, a escuta de Deus e em ultima instancia a própria vida que pulsa em nós...

domingo, 25 de abril de 2010

Deixar de Ser o Outro


Até pouco tempo vivi o outro e sabe o que é ser o outro? É ser aquele que mim ensinaram a ser, mas que na verdade não sou eu; ser o outro é acreditar que temos a obrigação de passar a vida inteira pensando em como juntar dinheiro, para não morrer de fome na velhice. Deste modo tanto pensa e tanta faz planos que só descobre que está vivo, quando na verdade perceber que seus dias na terra estão terminando e isso, é tarde demais.
Eu sou o que qualquer um de nós é se escutar seu coração, ou seja, alguém que se deslumbra diante do mistério da vida e da morte, que enxerga os milagres do dia-a-dia, que se sente alegre e entusiasmado em tudo que faz. Mas o outro nessa história, é aquele que por medo de se decepcionar, não me permitia agir. Sei o quanto é verdade que existam sofrimentos, derrotas, frustrações, mas ninguém está isento destas realidades. Por isso, é melhor perder alguns combates nas lutas diárias tentando conquistar seus objetivos, que ser derrotado sem ao menos saber por que se esta lutando.
Desta forma acordei e decidi ser realmente quem sempre deveria ter sido, ou seja, eu mesmo. Por conseguinte, o outro ficou ali no meu quarto, mim olhando, mas sem ter qualquer domínio sobre mim, embora tenha mim assustado por muito tempo, tentando, sobretudo mim privar de olhar sem medo o futuro.
E foi é somente desta forma, que no momento no qual decidi não ser mais este outro, que verdadeiramente pude sentir a vida fluir, as escamas caírem dos olhos e enxerguei as coisas com um olhar de liberdade e mais ainda com a beleza e os encantos de quem vive a experiência única de ser ele próprio.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Existir é bem mais que Nascer e Morrer.

Existir é bem mais que Nascer e Morrer

Pensadores como Heráclito, escreveram: “vida é muito breve para ser insignificante”, pois bem gosto de pensar nesta idéia, e por isso, começo pensar que podemos viver para além de nossa limitada existência, quando tomamos consciência de que só fazendo de nossas atitudes, bons andaimes para ascender ao eterno, é que realmente estamos vivendo, pois do contrario, só teremos passado nesta vida, como viajantes que não souberam apreciar as maravilhas que ela oferece. Sei que para muitos o viver é um constante sofrer, mas para outros transformar este sofrer em escola de bom aprendizado, é contemplar a vida como um dom de prazeres imperecíveis, e por isso sabem se encantar com as coisas mais simples como tomar um banho na chuva, ou mesmo desfrutar da companhia de um amigo.
Nada é mais proveitoso que deitar depois de um longo dia e sentir-se realizado e realizador de empreendimentos que por um só milésimo de segundos tornou a vida de outros mais alegres e menos tristes. É por demais deleitoso ver em noites de lua ver que ela vira sol ao amanhecer, tocar o chão com os pés descalços e sentir que somos parte desta terra, que muitos em sua solidão e vaidade evitam pisar. Olhar o mundo e seus encantos com um olhar místico é perceber como o poeta, musica e letra nas folhas das grandes arvores açoitadas pelo vento. O silêncio quebrado pelo ronco dos trovões mim remetem a pensar na grandeza das coisas que estão acima de minha cabeça, o germinar de uma semente lançada ao chão mim faz sentir que a vida brota de onde menos imaginamos.
E o sol que a cada dia volta pela manhã e as vai ao entardecer, renovando minha esperança de um voltar sempre é sem dúvidas, um sinal de que estamos sendo contemplados com a possibilidade de recomeçar mais uma vez nossa jornada.
Quando alguém em sua limitada razão se lamentar de que esta vivendo um suplício, pense que viver é a cada instante se renovar, como fazem as flores a cada primavera, aquecido pela presença dos seus íntimos, pelo afago da pessoa amada, pela carinhosa presença de seus familiares e mais ainda pela gentil providencia da natureza que gratuitamente produz seu sustento.
Se a noite te assusta, concebe a idéia de que esta veio para recuperar as forças que te foram tiradas pelo fardo de teus dias, sempre me busca do pão, pois como bem disse o salmista, não é justo retardar vosso descanso para buscar o pão sofrido, que o Senhor dá aos seus enquanto dormem. Pois bem saibas que aquele que te fez, também cuida de te, e que por mais longa que seja a meta da chegada, a jornada é cheia de oportunidades para que possamos viver e não apenas conviver entre aqueles, que a vida se incumbiu te presentear-nos,pois, é maravilhoso olhar para traz e perceber que nada veio do acaso e se foi sem fazer sentido. Que ninguém se permita viver dilacerado entre o ontem, nem no amanhã, esquecendo-se que deixou de viver o presente que é nosso maior dom. 

domingo, 18 de abril de 2010

Existindo para o Amor

Hoje ao acordar refletia e depois de idas e vindas com meus pensamentos, olhei na copa de uma arvore e vi que ali havia um pássaro, o qual, mesmo em sua solidão entoava uma canção harmoniosa, ou seria um clamor por atenção que irrompia o silencio. Quis entendê-lo e logo mim dei conta de que minha racionalidade estava fadada a ver as coisas de uma maneira estéril. Pois como imaginar um grande artista que sobe ao palco sem ter publico que lhe possa aplaudir e gritar seu nome entre aplausos e elogios?
          Pois bem, pensando um pouco mais, fui descobrindo que sempre existirão coisas, que sempre serão inacessíveis aos que não sabem amar. Porque assim como aquele pássaro, que entoa sua canção, mesmo sem exigir uma platéia, fomos criados para amar, ainda que sem desejar ser correspondidos, e se por algum momento disso esquecermos e por infelicidade nos esquecermos de amar assim, já não seremos mais úteis, nem a nós mesmos nem a este mundo que nos acolheu, pois assim como o pássaro em sua livre natureza, devemos também nós amar em plena liberdade, visto que amar é gratuidade e por ser isso mesmo amar, nada devemos exigir em troca, porque do contrario, deixa de ser amor. Por conseguinte, jamais nos cansemos de amar, pois a solidão e o silencio fecunda o amor e amadurece os sentimentos, tornando-os mais belos e verdadeiros.



Eu e o Rio

            Neste opúsculo sou tentado a refletir que o rio é tão semelhante a mim, tanto em natureza quanto em essência. Assim concebo pelo fato de termos um inicio, e desde esse inicio nos movemos em direção ao fim. É pensando desse modo que dou vida e forma à idéia segundo a qual, embora almejemos diferentes coisas segundo nossas distintas naturezas, essas coisas são as mesmas em essência. O rio, assim como eu, nasceu pequeno e singelo, foi crescendo, adquirindo tamanho e formas definidas, conquistando espaços, ganhando respeito e admiração. Assim, aos poucos eu e o rio vamos superando os primeiros obstáculos. Eu, em minha peregrinação terrestre, vou deixando minhas marcas, firmando meu nome, construindo minha identidade. Assim como o rio em seu curso, somos causa de alegria para muitos, e de tristeza também. Muitos se aproximam de nós para restaurar suas forças, compartilhar sofrimentos, ambos somos por vezes causa de inspiração para o poeta, objeto de estudo para o cientista, e até o filosofo se ocupa em pensar sobre nós. Desse modo, ainda que distante que seja o percurso e demorada a chegada tanto do rio quanto minha, vivemos buscando atingir nosso destino. Tanto um quanto o outro geramos vida e também a eliminamos, ora cuidamos da vida, ora a ferimos, somos ora queridos ora desprezados, somos tanto dóceis como vorazes, tanto calmos como agitados, tanto fortes como fracos, tanto belos como feios, mas ambos sabemos que só teremos cumprido nossa missão quando por fim atingirmos nossos destinos. Dizendo de outro modo: quando tivermos atingido o fim para o qual fomos feitos. No caso do rio, fundir-se ao mar. No meu caso, fundir-me ao amor. Só assim seremos lembrados e imortalizados pelos que souberam entender nossa essência, nossa natureza e desfrutar nossa presença. Eu e o rio, essência e natureza, no nascer e no morrer.