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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Descrevendo o Amor


Há muito tempo sou impelido a escrever sobre o maior dos sentimentos, e penso eu que após uma longa gestação, agora sim aqui estou expondo os longos anos de minha reflexão. Nada mais direi, a não ser que o amor perdeu seu significado por uma falta sem precedente de um conhecimento mais vasto de sua essência. Pois bem, esta reflexão transcorrerá tendo como base as palavras: ηρός (Eros), ἀγαπε ( ágape), φιλια ( filia) e πορνεια ( pornéia).  Deste modo devo iniciar falando sobre φιλια (amizade) que traz em si um grande valor, pois é o tipo de amor no qual a liberdade deve ser plena, ou seja, dito de outra forma, este amor não é regulado por nenhuma norma ou lei, visto que deve se dar na mais plena liberdade, sua obtenção é resultado de uma conquista, e deste modo acontece num ambiente livre, de partilha da vida, das emoções que os interessados devem cultivar mutuamente. É um amor de reciprocidade, mas sem uma obrigatoriedade, pois do contrário deixar de ser amizade, e perde-se em muitas outras coisas da qual não faz juz a este nome. Dito isto, já defini o que deve se entender por amizade, ou seja, sem o que acima foi dito, teremos qualquer outro sentimento, exceto uma amizade, o que na cultura grega era um grande tesouro. Para os gregos, αγαπε quer dizer amor, mas um amor diferente de amizade, pois é um tipo de amor mais amplo que amizade, ou seja, é um amor de oblação, entrega incondicional, de modo que é em sua máxima, um amor de entrega sem interesses mutuo, dito de outra forma, aqui quem ama, ama sem esperar nada do outro que é amado. Este tipo de amor é plenificado em Jesus, e podemos relacionar ao amor de uma mãe. Aquele que se dispõe a amar desta forma vive o amor em seu sentido mais sublime, o termo do latim para este tipo de amor é: cáritas. Agora refletindo sobre ηρός, descobri que este tipo de amor, foi ao longo dos anos distorcido, pois o que deveria ser algo bom em sua essência, assumiu características de outros tipos de amores. Hoje pensar em ηρός, é pensar em sexo e só isso, contudo posso afirmar que é também sexo, mas não só. Temos que entender que é uma fusão dos amores que acima mencionei este tipo de amor exige uma cumplicidade, ou seja, uma entrega ao desejo de correspondência tem sua máxima no encontro de duas pessoas que se permitem serem tocadas, pois compreendem que aqui cabe um encontro mais intimo, de modo que é para isto que ele existe realizar no homem, a atividade orgânica de suas potências. Contudo não deve se limitar a este aspecto, pois sua riqueza e beleza esta além. Trata-se de um amor equilibrado por φιλια e αγαπε, onde pessoas que já se conhecem e se respeitam, desejam vive de forma mais ampla uma relação. Não pode ser simplesmente uma usurpação do corpo de outrem, mas uma entrega consciente e sublime num encontro de reciprocidade, onde não haja explorados, nem tão pouco exploradores. Somente assim será dado a este tipo de amor, seu valor real. Aqui sim cabe aos envolvidos, um tipo de cuidado, zelo, nunca o ciúme como vemos hoje, pois ciúme não é forma de dizer que se ama alguém, mas uma distorção de algo belo e vital. Por ultimo quero apresentar πορνεια, que é a vulgarização de todos os outros que falei, ou seja, enquanto filia é liberdade, porneia e escravidão, enquanto ágape e gratuidade, porneia é interesse, e enquanto Eros é prazer, pornéia é dor e sofrimento, por se tratar de um tipo de amor, onde a relação deixa de ser entrega mutua, para ser uso, abuso individual de uma pessoa.