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quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Razão do Silêncio

A razão no silêncio


Trilhemos por um caminho de onde podemos entender o que realmente significar o silêncio, pois este muito mais que ausência de barulho é estrema meditação. Existem três tipos de silêncio. O silêncio como omissão diante das injustiças da vida, o silêncio como repudio e por último o silêncio como escuta.

Pensemos agora no silêncio como omissão, este tipo de silêncio é por demais malévolo, visto que é uma atitude de quem não se compromete com as causas mais nobres da vida, como a defesa dos injustiçados, bem como a fala dos que não podem se expressar; este modo de agir é compatível com as atitudes dos que passam por esta vida covardemente sem se ater ao grito dos que sofrem, e esperam de cada um de nós uma única palavra, seja esta de conforto seja de incentivo, este silêncio é como uma arma letal, que sutilmente acabam por matar as esperanças do que esperavam algo ser dito em sua defesa. Este tipo de silêncio aceita e compreende a ausência das palavras como fuga de nossas responsabilidades.

O silêncio como repudio é um bem aceitável na dinâmica dos que sentem a impotência da fala diante de cenas ou atitudes covardes, para que este seja eficaz é preciso termos discernimento para aplicar um silêncio que ao mesmo tempo em que é ausência da fala é um discurso a seu favor. Silenciar perante determinadas situações é afirmar que não se estar de acordo com elas, é torna-se arauto de uma mensagem que não carece de fala, é colocar-se criticamente reafirmando que ali não cabe outra a coisa a não ser o repudio.

Aqui apresento o silêncio como atitude de plena escuta, como necessidade de perceber o que não foi dito, como caminho para o encontro consigo mesmo bem como com as pessoas e emoções que nos circundam, é antes de qualquer coisa aquietar todos os nossos sentidos, para sentir a força das coisas sutis, entender o cosmo, viajar na infinita e fascinante experiência da ausência dos sentidos. Ser sábio é saber reservar na difícil tarefa de viver um espaço e um momento para silenciar misticamente. Pois sem isso seremos sempre passivos de cometer injustiças, por não sabermos meditar cada ato nosso no crisol do silenciar. Podemos pensar que silencio é tão somente reter o balbuciar de nossas palavras, mas é mais do que isso, é ter sensibilidade de escuta, até mesmo na relação homem e sagrado se faz mister uma pausa. Este silêncio fomenta a justiça, purifica os sentidos e orienta as ações, pois é oportuno no discernimento das coisas mais simples. Permite uma contemplação da natureza, o cantar das aves, o grito dos fracos, a escuta de Deus e em ultima instancia a própria vida que pulsa em nós...