Um olhar sobre a Cidade.
Homem do campo que sou nunca estive habituado aos ares da cidade grande, pois tudo por lá é diferente. A começar pela agitada movimentação dos indivíduos, o barulho dos carros, o calor, e o pior é perceber no olhar das pessoas, um semblante de desconfiança, de indiferença para com os que precisam de uma simples orientação. As poucas árvores que restaram na cidade grande se vêem ofuscadas pela selva de pedra, cada dia mais imponente e colorida. Contudo, em uma das muitas visitas que fiz a cidade grande, não pude deixar de perceber que ali bem no alto da torre da velha Igreja, havia uma linda ave, de plumas albas; olhar firme e obstinada a fazer seu percurso de sempre, a saber, todas as noites, não tendo mais o abrigo das árvores que um dia ali existiram, precipita-se de uma torre à outra da cidade, como que contemplando os telhados das muitas casas, o caminhar das pessoas, em suma tudo que seus olhos podem enxergar. É voando mais alto que se ver melhor, partindo deste principio passei a compreender o quanto aquela ave era privilegiada, mas ao mesmo tempo entendi que, cada um dia nós, que estamos neste mundo, mas não somos dele, precisamos, como aquela ave, alçar vôos cada vez mais altos, sempre com os olhos fixos no alvo que almejamos atingir, ou seja, o homem que enamorado do Criador, jamais deve se contentar com este mundo, visto que não passa de uma breve morada, mas deve concentrar seus esforços buscando sempre atingir um vôo que lhe permita contemplar plenamente o belo que é Deus.
Muito bonito o seu texto, Farias. Gostei bastante. abrs, João
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