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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Contradição Necessária
Para que venha a ser algo, devo primeiro não querer ser nada; para amar verdadeiramente, devemos amar primeiro a quem não nos ama.
Quem poderia entender tal afirmação? Certamente nem eu mesmo posso encontrar tal significação. No entanto, se faz necessário percorrer este caminho de descoberta. Pois bem, sabemos que até mesmo o menor de todos os seres possui desejo de alguma coisa. Mas, sobretudo no homem que esse desejo, que não é simplesmente de algo, mas de ser ele mesmo esse algo. Contudo, é bem verdade que a via por onde devemos transitar, deve possuir outra via que lhe seja contrária, de modo que, somente com esta condição, é possível chegar aonde se deseja. Esse contraditório é bastante relevante, pelo fato de que somente aquele que se esvazia dos pré-conceitos, que se desnuda de tudo quanto lhe causa apego, só neste momento tal homem estará pronto para encontrar a si mesmo. Quando falo aqui de que para amar melhor, devemos amar aqueles que não nos ama, é possível bem possível que tal afirmação cause um impacto de principio negativo ao meu caro leitor. Contudo, com esta reflexão, quero apenas dizer que este tipo de amor dispensado a quem não se ama, trata-se de uma realidade no mínimo cheia de gratuidade, visto que aquele que recebeu a dispensa deste amor, não possui em hipótese alguma, a responsabilidade de retribuir a este ato. De modo que, se decidir o fazê-lo, o fará na mais plena liberdade e gratuidade. O que implica nada cobrar de quem lhe amou primeiro. Assim, aquele que resolveu amar quem não lhe tem amor, se por algum motivo precise se ausentar, não incorrerá em violência, nem tão pouco será acusado de abandono. Já aquele que optou por dedicar algum tipo de amor a alguém que lhe ama, quando se ausenta, será acusado de abandonar suas juras, e também de incúria, pois não será mais capaz de cuidar daquele que em algum momento compartilhou de um sentimento mútuo.

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